domingo, 3 de maio de 2009

Viver em Grupo: O Diálogo entre o “Meu” e o “Nosso”

Uma das estratégias de divulgação das discussões do nosso Conselho de Escola está sendo a confecção de um boletim mensal para todas as famílias, funcionários e para a comunidade do entorno da escola.

O texto principal do Boletim de Abril foi sobre a questão da entrada e saída das crianças, e uma polêmica clássica: até que ponto as necessidades individuais de cada família ou educador podem ser justamente colocadas acima dos combinados estabelecidos pelo grupo? Confira o texto:

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"Na última reunião do Conselho de Escola, uma questão foi bastante debatida: a entrada e saída dos alunos.

A polêmica é grande. De um lado, a instituição escola, uma formação coletiva, e que por isso mesmo, precisa de regras bem claras e únicas para funcionar. Do outro, a necessidade das famílias, educadores e crianças— cada um com seus problemas específicos, pedindo por atenção e consideração, pedindo para ser uma exceção à regra.

Sabemos todos que há um horário de entrada e saída estabelecido. Sabemos também que os atrasos, quando acontecem muito, são um mau exemplo para as crianças e atrapalham o andamento do trabalho na escola. Sabemos também que não é desejável e nem recomendado pela lei que crianças menores de idade levem outras crianças para casa, sem a supervisão de um adulto. Sabemos ainda que a carteirinha de saída é um combinado de segurança para a equipe da escola e para as próprias famílias, e por isso deve ser trazida todos os dias por quem vai retirar a criança. Todas essas regras são claramente explicadas e todos parecem concordar que são importantes para que as crianças sejam bem cuidadas por nós, adultos responsáveis.

Mas se tudo está tão claro, por quê, dia após dia, os problemas continuam? Por que pessoas passam por cima das regras e fazem tudo do seu jeito?

Quando vivemos em grupo, a minha necessidade está em constante choque com a nossa necessidade. O meu problema precisa ser resolvido através da nossa organização. Meu ponto de vista precisa ser negociado na nossa conversa. E nesse diálogo entre o meu e o nosso, o bom senso de todos, a consideração à realidade de cada pessoa e o respeito aos combinados do grupo precisam sempre ser o caminho.

Viver em grupo não é fácil. Mas só no atrito de nossas opiniões é que somos polidos como pessoas - todos cedendo, todos ouvindo e falando. Dialogando construímos a nossa história. Uma história linda... Porque é nossa."


Um comentário:

  1. Nós sociólogos sabemos que esse é o eterno embate do ser humano, que não consegue viver sozinho, mas também não consegue viver em grupo... Parece que o nosso destino é a insatisfação.
    Mocinha, o texto ficou genial, como sempre, pois trata de um assunto cotidiano com profundidade, buscando as entrelinhas e provocando a reflexão. Só podia ter sido escrito por você ( aliás, você está assinando esses textos e a autoria dessas coisas? se não está, precisa!!!! ). Me conta mais disso, como fizeram o boletim? O que ele contém? Acho que seria uma idéia legal pro nosso conselho lá... Que tá carente de animo.
    Mais uma vez, parabéns, e um beijo grande.

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